JOR.03 – Petro-Racha

Um grito de alerta (e algumas gargalhadas, por que não?)

Na esteira da apresentação dos jornais petrolandenses A Semente plantada a um século (1921-1924) e Revivendo o Correio do Sertão (1934-1937), este IGHP presenteia seus leitores com um singelo resgate histórico do Petro-Racha.

Viaje e sorria com a gente!

Contexto histórico

Impresso quinzenalmente pela gráfica pauloafonsense São Vicente de Paulo com tiragem de 250 exemplares e distribuição gratuita, o periódico nascia com espírito informativo embebido nas turbulentas águas do Velho Chico de então, mas ao mesmo tempo pretendia promover leveza e graça com seus textos e ilustrações anedóticos e poéticos.

Instigados por um sentimento de indignação diante de riscos e problemas observados no planejamento urbanístico da implantação da Nova Petrolândia, empregados do Banco do Brasil (diretor/redator e idealizador do jornal Mário Constâncio, presidente Tony e colaboradores Beth, Agnaldo, Hélio e João, Geraldo e Vicente) resolveram fundar em 1987 o jornal Petro-Racha às vésperas da conturbada fundação da nova cidade.

Um inédito do fundador

O IGHP, com o objetivo de reunir mais informações sobre o jornal, solicitou apoio a um de seus fundadores. O resultado, a nosso ver, conseguiu muitíssimo mais: recontar uma história datada de mais de duas décadas com astúcia, atualidade, graça e saudade.

O Petro-Racha

Foi nos idos de 1987 que os funcionários da agência do banco do Brasil da antiga cidade de Petrolândia, tangidos pela imperiosa força do progresso, em virtude do enchimento do lago da usina hidrelétrica de Itaparica, hoje denominada usina hidrelétrica Luiz Gonzaga em justa Homenagem ao eterno "Rei do Baião", tiveram que se mudar para nova cidade ainda em processo de construção pois, a velha cidade iria soçobrar nas águas do Velho Chico, no imenso imenso lago da represa da hidrelétrica.

Recém-transferidos para uma agência pré-moldada de pé direito baixo onde o calor infernal imperava, localizada no espaço onde hoje é a praça da matriz católica, aguardavam a construção da atual agência.

Acresce que, movidos e comovidos com a correia da mudança e o sofrimento dos clientes e a população em geral, então sem água potável, em decorrência dos problemas advindos da implantação da cidade que teve seu plano urbanístico instituído na contramão do progresso sem pensar no porvir pela secretaria de habilitação do estado, viviam a desventura, no fim do século XX , de receber uma cidade caduca sobre os aspectos da ambiência viária e o projeto arquitetônico, com ruas de "meia polegada" (força de expressão) para traduzir as ruas estreitas demais com 3,50m de largura, haja vista as da antiga cidade que eram largas e fluentes, e como não bastasse, a rede coletora dos esgotos sanitários sub-dimensionada com manilhas de barro passando por dentro dos muros das casas das pessoas ( um verdadeiro atestado de incompetência), mazelas que perduram até hoje com os constantes entupimentos, problema somente agora atenuados com a substituição da rede coletora com tubos de PVC bem dimensionados seguindo a linha d'água do meio fio das ruas até hoje sem bocas de lôbo.

Também não existia a orla ( cartão postal da cidade ) construída anos após no governo do saudoso Dr. Simões.
Outro agravante que merece destaque foi o tenebroso fenômeno intitulado Colapsividade do solo, que fissurava tudo, rachava toda e quaisquer edificações que fosse construída sobre o solo da nova cidade, e que trouxe muito espanto por parte das pessoas, tornando cada vez mais onerosos os custos das construções que teriam que ter as estruturas das fundações com muito ferro e concreto armando… Fenômeno aquele, nunca antes nem então estudado pelos engenheiros da Chesf nem tampouco pela secretaria de habilitação do estado…

Segundo o imortal Lêdo Ivo, em sua crônica "A Fábula da Cidade" - " Uma casa é muito pouco para um homem; sua verdadeira casa é a cidade. E os homens não amam as cidades que os humilham e sufocam, mas aquelas que parecem amoldadas as suas necessidades e desejos, humanizadas e oferecidas- uma cidade deve ter a medida do homem…

Conscientes disso e com o firme propósito de bem informar, foi naquele contexto histórico que os funcionários da agência do banco do Brasil fundaram o jornal quizenário S.D.E, ou seja: Sem Denominação Específica… Somente depois, mais ou menos a terceira edição é que foi feito um concurso informal interno com o propósito de escolher o título para o jornalzinho que teve entre outros nomes os seguintes: Racholandia, luminária; Petro-Racha, etc, tendo sido aclamado a Denominação Petro-Racha, em virtude de ser o nome mais plausível para o contexto da história.

O aludido jornal teve vida curta, cerca de umas quatorze edições, ou pouco mais ou menos que isso, contudo, cumpriu a sua missão de ser veículo de informação, abordando vários temas, desde as histórias jocosas inventadas às informações mais sérias…

Tony
25.04.2021

Nosso acervo

O acervo do Petro-Racha do IGHP abrange uma simbólica coleção de páginas avulsas das edições 06 (15/12/1987) e 07 (05/01/1988) doadas pelo amigo Vicente José da Silva.

Pesquisa: Paula Francinete Rubens de Menezes

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